O estádio do Mineirão pertence ao Cruzeiro?
No cenário do futebol brasileiro, poucos estádios carregam tanta história e paixão quanto o Mineirão, localizado na bela cidade de Belo Horizonte, Minas Gerais.
Inaugurado em 1965, esse gigante da arquitetura esportiva já foi palco de eventos memoráveis, desde decisões de Copa Libertadores até o inesquecível confronto entre Brasil e Alemanha na Copa do Mundo de 2014. Entretanto, uma pergunta persiste: A quem pertence o Mineirão?
Os Anos Iniciais: Necessidade de um Novo Lar
Nos anos 40, Belo Horizonte já se firmava como uma das sedes da Copa do Mundo de 1950, mas carecia de um estádio à altura. Os clubes locais, Atlético, Cruzeiro e América, possuíam estádios com capacidade limitada, incapazes de acomodar as crescentes torcidas.
O Sete de Setembro assumiu o desafio de construir o Estádio Independência, mas mesmo assim, a demanda por um local maior persistia.
Nos anos 50, movimentações nos bastidores buscavam a construção de um novo estádio na região da Pampulha.
Enquanto o presidente da Federação Mineira de Futebol propunha um local distante, Antônio Abraão Caram defendia a ideia de situá-lo na Pampulha, resultando na construção do grandioso Mineirão.
Inauguração Triunfal: 1965 e o Jogo Inaugural
Em 5 de setembro de 1965, após cinco anos e meio de construção, o Mineirão foi inaugurado em uma partida do combinado da Seleção Mineira contra o River Plate.
O estádio, inicialmente projetado para 30 mil espectadores, foi uma obra ambiciosa dos arquitetos Eduardo Mendes Guimarães e Gaspar Garreto, alcançando uma capacidade de 100 mil pessoas.
Desde a inauguração até 1996, o estádio passou sem grandes reformas, mas a partir desse ano, uma série de melhorias foram implementadas, incluindo a troca do gramado, substituição do sistema de irrigação e drenagem, troca do placar eletrônico e iluminação.
Reformas para a Copa do Mundo de 2014: Uma Nova Face para o Gigante Mineirão
A necessidade de modernização tornou-se premente com os preparativos para a Copa do Mundo de 2014. O gramado foi rebaixado, a cobertura ampliada para proteger os assentos da chuva e o setor da geral foi, portanto, eliminado. Reduzindo significativamente a capacidade do estádio.
Atualmente, o Mineirão, com capacidade para 64.000 lugares, mantém-se como um dos palcos mais relevantes do futebol brasileiro. No entanto, a pergunta sobre a sua propriedade ainda ecoa.
Quem Detém a Concessão do Mineirão? Minas Arena e a Parceria
Desde o início das obras em 2010, a concessão do Mineirão pertence à Minas Arena, um consórcio formado pelas construtoras Construcap, Egesa e HAP Engenharia.
O Cruzeiro, historicamente, estabeleceu uma parceria com a concessionária, tornando-se o principal mandante dos jogos no estádio até o término do contrato de concessão, previsto para 2035.
O Atlético-MG, por sua vez, manteve uma distância relativa do Mineirão. No entanto, utilizando-o apenas em casos excepcionais de grande apelo de público. Em 2020, o clube passou a mandar mais jogos no estádio, mas com a inauguração da Arena MRV em 2023, o Atlético deixará definitivamente o Mineirão.
Atlético vs. Cruzeiro: A Rivalidade no Gigante da Pampulha
O Mineirão testemunhou uma série de confrontos épicos entre Atlético-MG e Cruzeiro, os dois maiores clubes de Minas Gerais. Com 247 confrontos registrados, o Cruzeiro leva a melhor no recorte dos jogos disputados no estádio, com 90 vitórias contra 78 do Atlético e 79 empates.
O primeiro clássico, em 24 de outubro de 1965, viu a vitória do Cruzeiro por 1×0. No entanto, o maior artilheiro do estádio é o atacante Reinaldo, do Atlético-MG, com impressionantes 151 gols.
O Cruzeiro no Mineirão: Glórias e Conquistas Memoráveis
O Cruzeiro, ao longo das décadas, construiu uma relação especial com o Mineirão. O estádio foi palco de conquistas épicas e momentos que ficarão eternizados na memória dos torcedores cruzeirenses.
Copa Libertadores de 1997:
O Mineirão foi o cenário da glória cruzeirense na Copa Libertadores de 1997, quando o time derrotou o Sporting Cristal-PER na final.
Copa do Brasil em 2018:
O Cruzeiro conquistou a Copa do Brasil de 2018, batendo o Corinthians na final, e o Mineirão vibrou com a celebração dessa vitória.
Grandes Clássicos e Conquistas Nacionais:
Inúmeros clássicos contra o Atlético-MG e outros adversários nacionais ocorreram no Mineirão, tornando o estádio um terreno de batalha e celebração para a torcida celeste.
O Sucesso de Tostão, Dirceu Lopes e Outras Estrelas:
Grandes ídolos do Cruzeiro, como Tostão e Dirceu Lopes, deixaram suas marcas no Mineirão ao longo das décadas, contribuindo para a rica história do clube no estádio.
Momentos Marcantes no Mineirão: Glórias e Desafios
O Mineirão não é apenas testemunha, mas protagonista de momentos que ecoam na memória dos torcedores e fãs de futebol:
Decisões de Copa Libertadores:
O estádio sediou três decisões de Copa Libertadores, com destaque para as vitórias do Cruzeiro em 1997 e do Atlético-MG em 2013. Marcando a história do futebol brasileiro.
Final Histórica da Copa do Brasil de 2014:
A final da Copa do Brasil de 2014 entre Cruzeiro e Atlético-MG, no Mineirão, foi um capítulo à parte na rivalidade das equipes, com o Galo saindo vitorioso.
Copa Intercontinental de 1976:
O Bayern de Munique derrotou o Cruzeiro na final da Copa Intercontinental de 1976. Após um empate em 0x0, em um confronto que marcou o estádio.
Vitória do Atlético-MG sobre a Seleção Brasileira:
Em 1969, o Atlético-MG surpreendeu ao vencer a Seleção Brasileira tricampeã do mundo por 2×1, deixando uma marca indelével na história do estádio.
O Desafio dos 7×1:
O Mineirão também foi palco do histórico 7×1, onde a Seleção Brasileira foi derrotada pela Alemanha na Copa do Mundo de 2014. Um episódio que ficou gravado na memória de todos os amantes do futebol.
Cruzeiro e Mineirão: Uma Sinfonia de Conquistas e Paixão Compartilhada
Ao longo dos anos, o Cruzeiro escreveu capítulos inesquecíveis no Mineirão. O estádio não é apenas um campo de jogo; é um altar de emoções onde as glórias e desafios do clube se entrelaçam com a história do futebol brasileiro.
A parceria entre o Cruzeiro e o Mineirão transcende a questão da propriedade. É uma simbiose entre um clube que construiu sua grandeza no estádio e um palco que testemunhou a grandiosidade do futebol.
Os torcedores celestes têm no Mineirão não apenas um estádio, mas um lar de memórias. Onde cada vitória e derrota são entrelaçadas na trama da paixão futebolística.
Portanto, enquanto a gestão do Mineirão está nas mãos da Minas Arena, a alma do estádio é compartilhada com cada cruzeirense que celebrou, sofreu e vibrou nas arquibancadas. O Mineirão é mais do que um estádio; é um testemunho vivo da rica herança futebolística de Minas Gerais e do Brasil.